Os Sete Princípios de Governo

Os Sete Princípios: Estabelecendo o Raciocinar por Princípios

Princípio semanticamente é definido como “origem, causa primeira, aquilo do que algo procede”. No contexto de ensino e educação, refere-se a um padrão de pensamento, um referencial básico. Num sentido figurado um princípio também pode ser comparado a uma semente.

A semente contém “o todo da planta de forma embrionária”, que irá se manifestar posteriormente. A planta inteira, uma árvore, tem todo o seu potencial dentro de uma única semente. Uma semente também tem caráter expansivo, pois se expandirá se tiver às condições de vida adequadas e crescerá assim, muito mais visível, belo e grandioso. A semente é um símbolo natural do processo de educação por princípios. Um princípio ou ideia relacionada a um padrão de pensamento, fazem o mesmo no pensamento do que a semente faz no solo.

Nossa alma é como um jardim ou um ‘ventre’, reproduz os pensamentos e eles se expandem. Uma vez que um padrão de pensamento é semeado na nossa mente e o temos regado com a vida de Cristo através da Palavra e ministério do Espírito, ele enraíza e cresce para proporcionar direção, discernimento e a verdadeira sabedoria para que se possa aplicar o senhorio de Cristo em todas as áreas da vida. Um padrão de pensamento é um hábito, um canal ou um processo de conectar ideias de acordo com generalizações que expressam a raiz da nossa alma. Essa é a razão porque é tão importante ter princípios e padrões de pensamentos que expressem diretamente a natureza de Cristo.
Um princípio é absoluto, aplicável em qualquer situação e época.

1. O Princípio da Individualidade de Deus:

Todas as coisas no universo de Deus revelam Sua infinitude e diversidade. Cada pessoa é criação única de Deus destinada a expressar a natureza da individualidade de Cristo na sociedade. Pais e professores cultivam o desenvolvimento e desabrochar dos talentos que Deus colocou em cada criança.
a. Há somente um Deus. Ele é o Criador do universo. Deus é infinito, onisciente, diverso e único. b. Tudo que Deus fez revela o Seu caráter e controle.
c. Deus é a única fonte, origem e causa de uma existência distinta e separada. d. Deus criou o homem à Sua imagem. Cada um reflete a sua individualidade. Como obras de Deus, cada indivíduo possui nobreza, dignidade e valor eterno. e. Deus me criou único. Sou especial, a ninguém igual. Deus tem um plano para minha vida, Ele me fez segundo Seus propósitos.
Efésios 2:10: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras.
O princípio da individualidade de Deus dá origem à visão Cristã do homem e governo. Enobrece cada ser humano com dignidade e valor independente de contribuições feitas ou não ao seu grupo ou estado. Entender esse conceito básico da visão Cristã do homem traz grandes implicações para o ensino e aprendizado! Pais e professores devem trazer à tona o potencial completo de Cristo em cada criança. Existe uma porção única da expressão da glória de Deus a ser revelada por cada um de nós, pois somos exclusivos.

2. O Princípio Cristão de Autogoverno:

De maneira simples, o princípio Cristão do autogoverno começa com Deus reinando internamente do coração do crente. Para que haja verdadeira liberdade, o homem deve ser governado internamente pelo Espírito de Deus e não por forças externas. O Governo é primeiro individual, e daí se estende à casa, igreja, comunidade e nação. “Ninguém sabe governar um reino a menos que saiba administrar uma província; nem tampouco pode governar uma Província aquele que não ordena uma Cidade; nem pode ordenar uma Cidade aquele que não sabe regulamentar uma vila e que não pode guiar uma Família; nem ainda pode o homem governar bem uma Família se não governa a si próprio; nem mesmo pode governar a si próprio a menos que sua Razão seja Senhor e Vontade e Apetite seus Vassalos; nem pode a Razão dominar a menos que seja ela mesma governada por Deus e (totalmente) obediente a Ele.” (Hugo Grotius, Pastor Puritano, 1654)
1 Timóteo 3:5: Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?
“O autogoverno Cristão é o senhorio de Cristo operando no crente, possibilitando que as leis e princípios do Reino de Deus governem as decisões e escolhas do indivíduo que inevitavelmente afetarão a ele, a sua casa, igreja, sociedade, local de trabalho e governo civil. É a decisão interna da vontade do indivíduo de escolher o caminho mais elevado (a Cruz) que permite que Deus e Sua Palavra governem internamente no coração do crente de maneira voluntária.” (Elizabeth Youmans) Provérbios 16:32: Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade. Deus ordenou o governo civil para o bem do homem, e lhe deu a responsabilidade de dirigir o fluxo do poder para o exercício das funções do governo. (ver Glossário). Quando o homem raciocina com a revelação de Deus, a Bíblia Sagrada, então o governo de Deus e Sua Palavra fluem através do indivíduo e é revelado em cada esfera do governo. (Grotius) Na Nova Aliança, as leis de Deus são escritas em tábuas de carne do coração. O autogoverno cristão faz das leis de Deus o requerimento do coração. A questão que deve ser posta é “Quem ou o que é o senhor da minha vida, do meu pensar, do meu raciocinar hoje?” “Quem ou o que está no controle?” Jeremias 31:33: “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.

3. Caráter Cristão:

“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” II Co 3:18
O Caráter Cristão é a imagem de Deus que gravada internamente no indivíduo traz domínio e mudança ao seu ambiente externo. O modelo de caráter a ser seguido é o de Jesus Cristo. Podemos imitar pessoas, desde que elas sejam imitadoras de Cristo. As crianças aprendem por observação. Elas poderão observar o caráter de homens fiéis que ao longo da história fizeram a vontade de Deus para segui-lo e imitá-los. Devemos imitar a vida de pessoas que demonstraram as seguintes qualidades: fé e perseverança, amor fraternal, cuidado Cristão, diligência e produtividade, liberdade de consciência. “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.” I Co 11:1
“Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós” Fl 3:17
Tornar-se responsável pela própria conduta, aprendizado e produtividade é fruto do caráter cristão. O treinamento do caráter começa no lar e sua base é formada até a idade de cinco ou seis anos. Caráter é formado através de escolhas diárias. Todas as escolhas têm consequências. Deus freqüentemente coloca Seus servos na escola do caráter, que incluem muitos testes e tribulações.
À medida que trabalhamos somos modelados por Deus e também deixamos nossa marca naquilo que fazemos. Para que o caráter de Deus seja manifesto externamente, tenho que me lançar ao trabalho enquanto Deus através de pressão e conflito molda o meu caráter segundo o do Seu filho. 

4. Mordomia (propriedade)

“Consciência, a mais sagrada propriedade” (James Madison)
“Todo homem possui propriedade em sua própria pessoa.” (John Locke). Internamente, propriedade constitui o próprio indivíduo e sua consciência, sua mais sagrada propriedade. A propriedade externa é a produtividade dos talentos dados por Deus e colocados a uso para Sua glória.
Deus requer mordomia fiel de todos Seus dons, especialmente o da propriedade interna da consciência. Ela é a ferramenta do autogoverno à medida que cada criança aprende a revelação do consentimento. Cada indivíduo governa sua vida através do consentimento voluntário de fazer o que é certo ou errado. Significa valorizar suas convicções e consciência acima de todas as possessões exteriores, até mesmo a própria vida. A propriedade começa com a responsabilidade e produtividade individuais – mordomo primeiro, e então proprietário. Propriedade é a responsabilidade individual e mordomia individual. Um relacionamento correto entre os homens requer a proteção de ambas as propriedades: interna e externa.

5. Soberania.

Governo é o fluir de poder e autoridade. A fonte de toda autoridade, lei e governo encontra-se em Deus e é definida em Sua Palavra. O Deus Criador é o regente soberano do mundo.
Deus nos constituiu senhores de nós mesmos como um reflexo da Sua própria soberania. Podemos pensar, planejar, realizar e avaliar o que fizemos. Não fomos feitos marionetes, mas seres pensante e potencialmente prontos para um relacionamento de interdependência. A chave deste princípio é nos movermos na direção de descobrir e alinhar os nossos planos aos planos perfeitos de Deus. O único soberano absoluto é Ele. Nossas decisões precisam da direção da Sua vontade através da decisão voluntária do nosso coração.

“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; porquanto ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica o mal. Pelo que é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa da ira, mas também por causa da consciência. Por esta razão também pagais tributo; porque são ministros de Deus, para atenderem a isso mesmo. Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.” Rm 13:1-7
Este princípio é manifestado na distribuição do poder e autoridade de Deus através do homem como o Seu representante em diversas áreas da vida como soberano sobre a sua Criação.

6. Semeadura e Colheita:

Este princípio começa quando temos fé interna em Sua palavra e obedecemos. Cremos que podemos acreditar nas conseqüências. Esta fé nos leva a obedecer a Deus, interna e externamente. Quando duvidamos da sua palavra e desobedecemos, ou quando nos orgulhamos e desprezamos sua orientação e decidimos pelo nosso próprio caminho, o nosso fruto não será o crescimento, mas sim o declínio. Marcos 4:26-29: E dizia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra. E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa. O Novo Testamento confirma o fato de que colheremos o que semeamos e onde também semeamos fará diferença. Assim, onde semearmos, colheremos. Se no espírito, vida; se na carne, morte. Cada um de nós necessita identificar áreas-chave em nossas próprias vidas e em nossa nação onde esse princípio tem sido violado ou praticado. Isso nos dará a raiz do fruto que estamos colhendo (ou a colher). Será ele de bênção ou de maldição? Quais as sementes lançadas? Obediência ou rebelião?
O praticar de um bom governo de acordo com os princípios de Deus, onde quer que esteja, a todas as áreas da vida, promoverá colher bênçãos dadas por Deus. Submissão a Deus e à Sua Palavra é a semente do autogoverno local. A semente é plantada primeiramente na família, uma das esferas de governo ordenadas por Deus, na qual os pais devem tomar responsabilidade de educar os filhos para o autogoverno.

7. Aliança – Unidade com Diversidade:

Acordo interno ou unidade, indivisível, produz união externa que é visível nas esferas do governo, economia, lar e comunidade. Antes que dois ou mais indivíduos possam atuar efetivamente juntos, eles precisam estar unidos em espírito nos propósitos e convicções. União voluntária resulta quando Deus trabalha através de homens de caráter cristão para que amem ao próximo, respeitem sua propriedade, e vivam debaixo das justas leis em uma república cristã.

“Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.
De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria.” Rm 12:4-8
Este princípio é o um prolongamento do princípio da Individualidade. Neste temos o equilíbrio para aquele. A grande riqueza reside em nos completarmos e dependermos uns dos outros conforme as nossas individualidades, decidindo internamente andarmos juntos por um propósito maior, apesar das diferenças.

Nota: Este texto é parte integrante do material de apoio ao professor de turmas do AMO(Apascenta Minhas Ovelhas – é um currículo para programas com crianças em situação de risco desenvolvido por Elizabeth Youmans)

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